Declarado Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco, visitar o Parque Nacional (Parna) da Serra da Capivara é uma viagem no tempo, retornando aos primórdios da ocupação humana na América do Sul. Um dos maiores e mais importantes sítios arqueológicos pré-históricos já descobertos no continente americano, a região o Parna Serra da Capivara conta mais de 12 mil anos de história gravados em paredões de rochas em plena caatinga, na região semiárida do interior do Piauí.
São milhares de pinturas rupestres descrevendo o dia a dia, as cerimônias e os ritos das comunidades que habitaram a região, incluindo desenhos de animais há muito tempo extintos, restos de utensílios, sepultamentos e ferramentas encontradas nas escavações. O Parque possui a maior concentração de sítios arqueológicos e paleontológicos das américas, com 1.354 sítios cadastrados – dos quais 183 estão abertos para visitação.
Um verdadeiro tesouro. Não tem outra palavra para descrever. O Parna Serra da Capivara, numa comparação simples, são as Pirâmides brasileiras, com a maior coleção de arte pré-histórica a céu aberto do mundo. As descobertas realizadas na Serra da Capivara apontam que o homem teria habitado o continente americano há mais de 30 mil anos!
Roteiro para desbravar a Serra da Capivara
A união entre história e natureza torna a visita ao Parque Nacional Serra da Capivara uma aventura sem igual. De paisagem ímpar, as artes rupestres dividem espaço com formações rochosas, baixões, desfiladeiros, cânions, serras e animais característicos da região, formando um cenário mágico. O Parna Serra da Capivara é administrado pela Fundação Museu do Homem Americano (Fundham) e é formado por um conjunto de quatro Serras: Serra da Capivara, Serra Branca, Serra Talhada e Serra Vermelha, cada uma com atrações que envolvem ambientes e paisagens diferentes, além de estilos distintos das pinturas rupestres. As trilhas mais recomendadas são:
Desfiladeiro da Capivara: trilha considerada fácil, feita em meio à densa vegetação. Trata-se de uma passagem utilizada pela população local, em tempos pré-históricos, repleta de pinturas rupestres com diferentes formas geométricas, sendo algumas das mais antigas da região. A trilha contempla os sítios Toca do Inferno, Toca da Entrada do Pajaú, Toca do Barro e Baixão da Vaca, Toca dos veadinhos Azuis, entre outras.
Setor Serra Branca: circuito composto por mais de 150 sítios arqueológicos, sendo cerca de 20 abertos para visitação, a trilha leva o visitante pela Toca da Igrejinha, Toca do Vento, Toca do Pinga Boi e diversas outras, englobando lindas pinturas, diferentes formações rochosas e muita caatinga. As pinturas do Setor Serra Branca carregam um estilo próprio por serem mais recentes (de 6 a 9 mil anos). São pinturas parcialmente coloridas e as figuram humanas apresentam certa ornamentação. O roteiro inclui a trilha dos Maniçobeiros – povo que ocupou a região para extração de látex da maniçoba e produção de borracha e que faziam das tocas suas moradas. O Baixão das Andorinhas, conhecido pelo espetáculo do voo rasante das andorinhas, compõe a trilha.
Serra Talhada: destaque para a Trilha Hombu, onde a vegetação recebe forte influência do Rio São Francisco, apresenta diversos graus de dificuldade. A trilha mistura pré-história e história com visitas a sítios arqueológicos e locais que preservam tradições da cultura sertaneja. O roteiro abrange a Toca da Invenção, Toca da Pedra Caída, Tocas da Ema do Sítio Brás, entre outras. O visitante pode subir uma escrava cravada em uma fenda para chegar ao topo da chapada.
Baixão da Pedra Furada: um dos circuitos mais visitados, abriga os principais sítios arqueológicos do Parna, como a Toca do Boqueirão da Pedra Furada: o sítio arqueológico mais antigo das américas. No local há vestígios de que o espaço já havia sido usado como abrigo há cerca de 500 mil anos. À noite, o paredão do Boqueirão recebe iluminação especial.
Passeios tranquilos no Parque Nacional Serra da Capivara
Museu do Homem Americano: o acervo do museu é composto pelas descobertas encontradas no Parque Nacional Serra da Capivara durante 4 décadas de pesquisas. Com inúmeras evidências da ocupação do homem na região, como esqueletos, peças líticas, peças em cerâmicas e outros artefatos oriundos das escavações. O museu também conta com uma apresentação multimídia das diversas pinturas rupestres encontradas na região.
Fábrica de cerâmica: produtos de cerâmica com reproduções das pinturas rupestres presentes na região da Serra da capivara. O projeto é uma inciativa de empreendedorismo sustentável, feito pelos moradores da região da caatinga. Neiéde Guidon, presidente da Fundação Museu do Homem Americano, foi responsável pela criação da empresa.
Quando visitar
Em qualquer época do ano é possível visitar o parque. De janeiro a abril, época de chuvas, os cânions ficam mais bonitos, mas a água eleva o grau de dificuldade das trilhas. No período seco, de maio a dezembro, é quando há melhores condições de observação da fauna e formações rochosas.
O que levar
É recomendável o uso de roupas leves e confortáveis, com facilidade para os movimentos e transpiração. Importante estar munido de uma garrafa d’água, protetor solar, óculos escuros, chapéu e tênis de caminhada. O clima típico da caatinga é muito seco e o sol do semiárido nordestino costume ser inclemente.
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